O Projeto GEF Biogás Brasil teve participação de destaque no IX Seminário sobre Tecnologias Limpas, evento online realizado pela Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (Abes-RS) nos dias 8 e 9 de dezembro.
O Projeto GEF Biogás Brasil é liderado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), implementado pela Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (UNIDO), financiado pelo Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF), e conta com o Centro Internacional de Energias Renováveis (CIBiogás) como principal entidade executora. Durante o evento, o representante da UNIDO para o Brasil e a Venezuela, Alessandro Amadio, destacou que o Brasil precisa investir em competitividade para ser protagonista no mercado de biogás. “Em todas as fases de mudança na economia é necessário se posicionar no mercado internacional. O posicionamento é superimportante. Um país não se posiciona em um mercado de um dia para o outro: precisa ter infraestrutura, tecnologia, cadeia de valor estabelecida, recursos humanos, políticas públicas favoráveis e instrumentos financeiros que possam financiar esse mecanismo”, afirmou. Para Amadio, o Sul do Brasil é uma região que tem infraestrutura econômica e social forte e competitiva. “O que precisamos no Sul do país é governança. A matéria prima existe, mas precisamos de uma governança porque precisamos todos trabalhar na mesma direção e pelo mesmo objetivo”, finalizou. Panorama do biogás no Brasil De acordo com a Associação Brasileira de Biogás (Abiogás), o Brasil tem o potencial para produzir 84,6 bilhões de m³ de biogás por ano. Entretanto, em 2020, a produção brasileira foi de 2,2 bilhões de m³. Ao todo, o país conta com 675 plantas de biogás nas quais 148 foram construídas em 2020, aumento de 22% no número de plantas de biogás em relação a 2019. O especialista em biogás do projeto GEF Biogás Brasil e consultor da UNIDO em parceria com o CiBiogás, Ricardo Muller, apresentou o panorama do mercado brasileiro de biogás e ressaltou que o País ainda tem muito a explorar no setor. “Estamos distantes daquilo que está projetado como potencial a ser explorado. Entretanto, temos observado um desenvolvimento maior do setor nos últimos três anos. Isso sugere que novos projetos de biogás estão aderindo a uma escala maior. São investimentos maiores e investidores acreditando no setor de biogás”, disse. Mobilização da governança O consultor da UNIDO e especialista em cadeia de valor do projeto GEF Biogás Brasil, Emilio Beltrami apresentou os objetivos do projeto. “Focamos no Sul do País porque a região tem grande produção de proteína animal. O projeto tem várias iniciativas na região, e conta com projeções de cenários tecnológicos, construção de rede de parceiros e identificação de modelos de negócio. Esses três componentes têm uma visão para o futuro: o impacto na cadeia de valor”. Beltrami explicou que o desenvolvimento territorial é importante porque pode impactar no setor. “Fomentar novos investimentos é um objetivo do Projeto. Estamos colocando grande esforço para organizar a cadeia de valor, bem como para criar um ambiente favorável, que é o desenvolvimento do próprio território”, finalizou. Durante o fórum, o especialista em resíduos e biogás do projeto GEF Biogás Brasil e consultor da UNIDO, Luis Felipe Colturato, apresentou modelos de negócios no setor de biogás e reiterou a importância das estratégias territoriais. “Esse setor de biogás no Brasil depende tanto de estratégias macro quanto estratégias locais para que a gente consiga destravar de uma vez por todas esse potencial enorme que temos de produção de biogás no nosso país”. Colturato apresentou um case de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) no Distrito Federal, parceria feita entre o Governo do Distrito Federal (GDF) e o Projeto GEF Biogás Brasil. “Atualmente, o DF faz o aterramento de 91% dos resíduos gerados. A estruturação do projeto é para que 85% do RSU gerado no DF seja tratado. A nossa projeção é para que, em um cenário futuro, o DF tenha 100% dos resíduos tratados, tenha integração com outros projetos estratégicos e o modelo de negócio seja utilizado em outros municípios brasileiros”, concluiu. Além da aplicação do biogás, o seminário também contou com painéis sobre reciclagem, economia circular, ciclo de vida e tratamento de materiais. Os comentários estão fechados.
|